Turismo de negócios volta a crescer na Baixada Santista

Crescimento ocorre mesmo após região deixar de sediar eventos já tradicionais nas cidades

Oxigênio do setor hoteleiro na baixa temporada, o turismo regional de negócios sofreu um revés: após 27 anos consecutivos em Santos, o Fitness Brasil Internacional troca a Cidade pela Capital. A tradicional feira não é a única que deixou o Município: nos últimos cinco anos, o segmento encolheu quase 70%. Após a retração puxada pela crise financeira, contudo, o setor começa a apresentar sinais de melhoras.

Dados do Costa da Mata Atlântica Convention & Visitors Bureau (CVB), entidade responsável pelo fomento do turismo regional, demonstram início da curva de ascensão por procura de viagens de negócios à Baixada Santista. Em 2015, por exemplo, Santos recebeu 72 eventos do gênero. O número caiu para 61, no ano seguinte. Mas, o setor encerrou 2017 com uma sensível melhora: 92 atividades no Município.

O presidente do CVB, Leonardo Carvalho, sustenta que a previsão é otimista para os próximos meses. “Grandes eventos já estão sendo confirmados para 2018”, assegura. Um deles é o Congresso Estadual de Municípios, que será realizado em Santos, na próxima semana.

A expectativa, entretanto, é aquém do melhor período que o setor já viveu na região. Em 2013, Santos recebeu 300 eventos. O número reduziu para mais da metade no ano seguinte: 137 eventos desse gênero foram realizados naquela ocasião, quando a Cidade recebeu duas seleções que disputaram a Copa do Mundo no Brasil.

De 2014 a 2016, o segmento acumulou sequências de quedas, que coincidem com a crise financeira. E, de forma curiosa, no igual período em que ampliou a oferta de leitos na rede de hotéis local. “A realização de eventos, como congressos, feiras e reuniões corporativas, foi afetada pela diminuição de recursos destinados ao patrocínio, impactando na redução de participantes”, indica o presidente da CVB.

A Tribuna apurou que congressos e feiras foram as subdivisões desse segmento mais afetadas pela crise. O fenômeno não foi apenas local. Dados da Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas (Abracorp) indicam que o faturamento do setor em 2017 foi menor que cinco anos antes. O setor movimentou R$ 11,4 bilhões no ano passado, frente a R$ 11,5 bilhões, em 2012.

Já eventos corporativos, como treinamentos de equipes ou lançamentos de produtos e serviços de empresas, se mantiveram estável na região. Segundo a União Brasileira dos Promotores de Feiras (Ubrafe), a crise afetou mais os destinos periféricos do que os centros como Rio de Janeiro e São Paulo.

Hotéis

De acordo com o vice-presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares da região (SinHoRes), José Lopez Rodriguez, o turismo de negócios e esportivo é responsável por manter aquecido o setor na baixa temporada. “Com os eventos, a taxa de ocupação fica na média de 70%. Há ocasiões em que todos os leitos ficam ocupados”.

Conforme ele assegura, a redução no volume de encontros afeta fortemente a economia regional nos meses menos quentes do ano. Dados do Ministério do Turismo indicam que cada turista de negócios movimenta uma média de 303 dólares (R$ 1 mil) por dia em que fica na cidade.

“O turismo de negócios ajuda a manter a ocupação (hoteleira) elevada fora de temporada. Sem esses encontros, os hotéis ficam parados e se torna difícil arcar com as despesas fixas”, assegura Rodriguez. Levantamento da Seção de Pesquisa Turística da Prefeitura de Santos aponta que a média de ocupação hoteleira na Cidade é de 43,4% entre março e outubro. O estudo foi realizado em 16 estabelecimentos.

Falhas na infraestrutura

Infraestrutura aquém das expectativas e preços das acomodações elevados. Esses são alguns dos motivos alegados pelo diretor executivo da Fitness Brasil, Gustavo Almeida, para que a feira não seja realizada em Santos neste ano.

Segundo ele, a capacidade hoteleira santista “sempre foi um entrave para os congressistas” da feira que vêm de todo o Brasil. O evento será sediado na Capital. “Muitos participantes acabavam deixando de ir por não encontrar acomodações com preços acessíveis durante os dias do evento. Em São Paulo, garantimos uma abrangência maior de acomodações, com preços mais variáveis”, sustenta.

Almeida aponta ainda entraves logísticos verificados pelos expositores e a baixa oferta de serviços complementares nesse tipo de encontro. “Eles enfrentavam a dificuldade de se deslocar com equipe e materiais de montagem para oferecer seus produtos e serviços. A mudança foi necessária para manter toda a qualidade e tradição de um evento construído por tantos anos”.

A gama limitada de opções de acessos à região também foi preponderante para transferir o encontro para a Capital. Almeida sustenta que “grande demanda” dos participantes é de outros estados. “O que nos fez entender que, a realização em São Paulo, tornaria essa viagem mais curta, diminuindo custos e desgaste de todos”.

O presidente do Costa da Mata Atlântica Convention & Visitors Bureau (CVB), Leonardo Carvalho, discorda da versão do responsável pelo Fitness Brasil. Destaca a ampliação das redes hoteleira e gastronômica. “A região conta com uma ampla oferta de fornecedores de equipamentos e serviços, sendo alguns deles reconhecidos por famosos prêmios de renome nacional no segmento, como o Prêmio Caio”, afirma.

Carvalho avalia que a transferência do evento para a Capital trata-se de uma questão comercial. “Após ser realizado há décadas em Santos, (o Município) continua tendo o melhor conjunto para a sua realização. Não se descarta o retorno à Cidade em anos futuros”.

Já o presidente do SinHoRes, José Lopez Rodriguez, lamenta a transferência do tradicional evento. “Trata-se de uma grande perda, não apenas para a hotelaria, mas para toda a Cidade”.

Ele, contudo, diverge sobre a acusação de má infraestrutura, a qual classifica como suficiente para receber eventos de grandes dimensões. “O setor hoteleiro santista é forte e está com muita vaga. E os valores das diárias estão caindo”.

Conforme explica, em 2010, a Cidade contava com 2.903 leitos distribuídos em 20 hotéis. Hoje, são 26 empreendimentos com 4.788 vagas. “Antes de a Cidade ter hotéis de bandeiras internacionais, já recebia eventos desse porte”, diz.

 

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